sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Onde Vive o Sonho

Há algumas décadas eu moro em um pequeno apartamento térreo. No pátio do prédio há uma pracinha interna onde minha filha voou as tranças na infância. De minha janela vejo um pequeno jardim, e um muro alto, onde na primavera uma roseira floresce. Deste lugar minha visão é bem limitada. Mas é o lugar que me acolhe e onde guardo minha alma e minhas recordações.

Minha alma porem habita em um castelo imenso sobre uma alta colina. Em um lugar onde, todas as noites, há tempestade e trovões, chega a sacudir a estrutura. Os relâmpagos fazem estremecer os vitrais. Os raios parecem ter o poder de destruir a fortaleza. Mas nas manhãs levanta-se sempre o sol trazendo calor à natureza banhada como se nada tivesse acontecido, como se os criados não tivessem corrido a reforçar as trancas das altas janelas noite após noite sem nunca se acostumarem à violência que se repete.

Já o Sonho Vive. Meu sonho vive em uma colina onde não são raras as manhãs de sol, mas são raras as noites de tempestade. Há flores nas janelas, mas também espalhadas pelo campo, e a vista alcança o horizonte mais distante. A casa onde vive meu sonho não é um castelo, mas é única sobre uma vasta planície povoada de sonho. Tem uma estrutura capaz de suportar uma tempestade, mas como disse; nessas paragens elas são raras. O interior da casa é confortável, aconchegante e rico de suprimentos para o corpo a alma e o espírito. Não faltam o vinho e o azeite ou as especiarias. Não faltam os "livros olvidados" livros de papel, de papel amarelado pelo tempo contando a história de quem os escreveu e de todos os que o leram (segundo Ruiz de Zafon). Também, portas sempre abertas e sempre provisão para receber os meus afetos sempre. O sonho não poupa nada, não precisa porque para o sonho tudo é de graça. Enfim se tivesse que dar um nome a este lugar eu o chamaria Liberdade, porque de manha eu posso andar descalça pela relva e espreguiçar-me até tocar o céu, posso escalar as colinas vizinhas e alcançar horizontes mais distantes ainda e se cair alguma tempestade eu posso tomar banho de chuva. O meu sonho pede liberdade para minha alma. As vezes a tarde o sonho me mostra chaminés expelindo uma fumaça branca a distancia, são minhas vizinhas mais próximas ascendendo o fogão para um cafezinho, elas acenam de longe convidando. Uma delas se chama Paz e a outra Solidão.
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           Quem nos fêz capazes de sonhar, certamente nos fêz capazes de realizar. Sinto que todos os dias oportunidades reais nos são dadas.


“...Porque as suas misericórdias não tem fim; renovam-se a cada manhã” Lm 3; 22 e 23.

“Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.” Hebreus 11;03



M Jussara

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