terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ô Guriazinha

Um dia desses a vi; estendi os braços: ô guriazinha não vá, deixe-me vê-la. Centrada, dedicada, no rosto o sorriso puro, confiante de quem não teme porque temeria? De quem nada sabe, mas pode aprender tudo, não tem barreiras, não tem limites. Nas mãos, no gesto, na decisão a infantil certeza e encanto do descobrir, do aprender. É o que visualizo e quero reter a visão, o sentimento a lembrança do belo, do novo, do ingênuo. Era como uma página branca. Como era meiga e linda e crente, na sua capaz idade de tudo ouvir e entender, olhos tão abertos, coração tão aberto, sorrir tão puro, prontidão em acreditar. Em sua “carteira” do grupo escolar, em sua cadeira, em seu uniforme de menina, cabelo cacheado, olhos atentos sorridentes, desenhando com cuidado sinais alfabéticos e numerais recém aprendidos. Tanta promessa havia na tenra idade, tanta certeza. Eu a vejo assim tão linda, não esperava revê-la. Vejo que continua no seu lugar intacto, certamente naquele dia perfeito ainda nada sabia sobre o futuro. Eu sei tudo que a ela sobreviria. Quero retê-la, não pode me ver, naquele momento não havia lugar para mim. Em mim há lugar para ela, depois de tantos anos encontrá-la me fortalece, a suavidade dela me suaviza me faz sorrir, eu a vejo em algum lugar de mim. Eu a abraço quando me abraço, sorrio o seu sorriso, sinto sua juventude espalhar-se como um bálsamo um renovo. Muitos anos nos separam, uma longa história, sobre o seu sorrir, seus sonhos, sobre sua fé muitas águas passaram. E nesse turbilhão a passar, não havia lugar pra você. Mas hoje há vejo, há reconheço, a abraço, me reencontro em mim.


M Jussara

2 Comentários:

Candice Reichert disse...

Amei o texto...lindo, lindo!!
Beijinhos Candi

D. disse...

lindo mesmo, mae.
bjo

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